sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Homeagem às vítimas de Santa Maria

“Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?”
(Vento no Litoral – Legião Urbana)


Fechar os olhos dói. Os rostos estão presentes nas nossas mentes e as cenas de dor e agonia são escancaradas na nossa frente.
É aquele filho que não voltará, aquele amigo que não sorrirá, aquele irmão que não irá nos confortar, aquele amor que não irá mais beijar. E, mesmo distante, como não se abalar? Foram 235 promessas de vida que se apagaram em uma noite de esperança.
A morte chegou rápida e estúpida e deixou para traz histórias que mereciam tantas páginas por escrever, que mereciam tantos sonhos por realizar e que se apagaram com uma brusca rajada de vento e fumaça.
Celulares que tocavam sobre as vítimas eram extensões dos corações agoniados que chacoalhavam sobre um corpo já sem batimentos.
E a vida? Como continuar a vida? Naquele dia todos morremos.
Caímos e agora buscamos, lentamente, sermos levantados. É o amor, aquele sentimento tão forte e marcante que nos ergue, devagar, bem devagar, para que possamos buscar nos reencontrar.
E lá, dentro do mesmo coração tão calado, encontramos aqueles por quem nossos corações suspenderam o compasso. Lá eles ainda vivem, com seus sorrisos lindos, seus desejos e sonhos por realizar, seu amor incondicional e sua juventude, que jamais será apagada.
Dentro de nós, o amor consegue conservar cada instante de alegria, cada abraço dividido, cada conselho, cada carinho e cada promessa de vida.
Será essa a força capaz de reerguer um homem, uma mulher, uma cidade, um estado e um país! Serão esses mesmos meninos e meninas, com ideais e propósitos capazes de mudar o mundo, que irão mudar as dores, a falta de cor, e transformar toda a perda em saudade.
Não duvide de que vamos nos reencontrar. Vamos nos ver diariamente em uma brisa de vento tocando nossos cabelos, em uma gargalhada gostosa que vem lá do fundo do corredor, em uma flor e um raio de sol. Vamos nos ver todas as noites em nossos sonhos de paz e amor, em nossos abraços atrasados e em seus doces rostos de tranquilidade.
Nada será esquecido. Nem o primeiro choro saindo do útero da mãe, nem a primeira febre do primeiro dente, nem a primeira papinha e toda sujeira de quando começou a comer sozinho.
Nada! Nem a primeira vez na escola, nem um corte no pé, nem uma nota ruim e nem a sua vaga tão pretendida no vestibular. NADA será esquecido.
E, daquela noite, só iremos lembrar do sorriso e da felicidade que estampavam os rostos antes de tudo acontecer...
A felicidade e a promessa de uma vida de vitórias vão permanecer dentro de nós para sempre! De você, nunca ninguém vai esquecer!